domingo, 11 de setembro de 2011

A República Oligárquica


Organização política

A organização política da República Oligárquica é um caso interessante. A dominação oligárquica era efetivada através de um sistema muito bem montado e fortemente estabelecido que criou uma rede de interdependência entre os oligarcas, a nível federal, estadual e regional.


O modelo de Estado perseguido nesta época é o liberal/federativo, como o norte- americano. Busca-se o processo descentralizador, bem ao contrário do centralismo republicano.

Este fato estava bem concatenado com o desenvolvimento das oligarquias estaduais em formação, que exigiam espaço em sua região. Assim sendo, desenvolve-se uma política de compromisso entre os diversos níveis oligárquicos.

No plano nacional os estados de São Paulo e Minas Gerais se sobrepõem aos demais. Isso decorre do poder econômico desses estados e de sua grande população. Esses fatores conjugados davam a estes estados um imenso potencial político. Uma aliança entre eles, a chamada política do café-com-leite, efetivou esse potencial tornado-o hegemônico.

A nível estadual também grupos de grande poder econômico dominavam a cena política. A estes grupos interessava o bom relacionamento com o governo e assim passavam invariavelmente a apoiá-lo e receber seu apoio, prática denominada de política dos governadores, efetivada a partir do governo de Campos Sales.

Isso não quer dizer que não havia conflitos. Muitas vezes o governo federal decidiu intervir nos estados. Entretanto, tal procedimento foi ao máximo evitado por não interessar às classes dominantes.

A nível regional ou municipal, também pessoas de grande poder e influência dominavam as relações políticas, sociais e econômicas: eram os coronéis, também articulados com as oligarquias e  nacional.

O apoio dos estados, através de suas bancadas no parlamento, a projetos do governo, era correspondido com a cessão da máquina administrativa, liberação de verbas, cargos políticos além da estruturação de um Estado que não ferisse a seus interesses de classe. O apoio dos estados também é retribuído no momento das eleições, quando formava-se então um “novo” parlamento, já compromissado com o governo federal.

Todo esse funcionamento dependia do coronel, que no interior, também engajava-se nesse processo, em momento de rebeliões não exitava em por seus jagunços à serviço da “pátria”. Nas eleições punha-se em prática o voto de cabresto, que acaba confirmando novamente todo esse aparato.

As classes dirigentes eram representadas por grandes proprietários rurais. No centro, os cafeicultores, que exerciam influência sobre todo o país. A nível regional cada lugar apresentava, de acordo com a atividade característica da região, um grupo de proprietários no comando. Essas classes conseguiam manter-se no poder, como já descrito anteriormente, através de um sistema de interdependência, onde essas esferas (estadual, federal e regional) se apóiam.

Portanto, o apoio das classes dominantes era as outras classes dominantes. Por isso, diz-se que eles procuravam apoio entre iguais. Percebe-se também que a nível estadual os grupos dominantes são os mesmos que já atuavam desde o Império.

A estrutura econômica

Nesta época da República o produto mais importante da economia brasileira era o café.  A produção crescia cada vez mais. Assim e também a produção internacional, o preço do produto caiu. Os cafeicultores a exigir do governo federal uma política que protegesse o cultivo. À princípio os governos se negavam a isso, mas a partir de 1906, com o Convênio de Taubaté. O governo passou a comprar uma parte da produção a fim de diminuir a oferta no mercado internacional e assim aumentar o preço. Entretanto, apesar de algumas melhoras, o café, a longo prazo, continuou a enfrentar problemas: a concorrência internacional crescia, não havia investimentos em tecnologia, políticas cambiais, que fortaleciam a nossa moeda, prejudicavam os exportadores. Assim, durante o período adotou-se diversas políticas de proteção ao café.

Entretanto, no final do período a crise aumentava e os cafeicultores perdiam poder e influência.

Nessa época a produção de borracha na região norte, alcançou o período de maior desenvolvimento. Os preços alcançados no mercado externo subiram bastante. O Brasil passou a ser o maior exportador mundial do produto. Entretanto, já em 1913, o Brasil perdia sua posição para as colônias inglesas e holandesas na Ásia, que possuíam uma produção mais moderna. A oligarquia amazônica ainda tentou junto ao governo federal, uma política de valorização da borracha, mas devido a sua inexpressivdade, nada conseguiu.

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