segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cerca de 25 mil manifestantes acampam em Madri


Cerca de 25 mil manifestantes, permanecem reunidos na Porta do Sol, em Madri. Eles desafiam uma medida do governo da Espanha que, nesta sexta-feira à noite, proibiram protestos dois dias antes das eleições regionais de domingo. Os acampados manifestam-se contra a política de austeridade econômica no país.

Ao soar das 12 badaladas no mundialmente conhecido relógio do monumento, manifestantes respeitaram silêncio absoluto, sentados com as mãos para o alto e alguns com um adesivo na boca. Após isso, eles explodiram em gritos e assobios.

"O povo unido jamais será vencido", "Agora somos todos ilegais", "Não, não, não nos representam" e "Polícia, una-se!" foram algumas das palavras de ordem que repetiam.

À meia-noite terminou a campanha para as eleições locais e regionais de 22 de maio e entrou em vigor a proibição da autoridade eleitoral para se manifestar no sábado e no domingo na Espanha para não interferir no pleito. No entanto, os manifestantes acamparam no lugar e pretendem permanecer ali até o domingo.

A concentração desta sexta-feira era bastante mais numerosa que as mantidas desde o domingo, primeiro dia destes protestos majoritariamente de gente jovem que pede um sistema político e econômico mais justo.

da Redação eBand

sábado, 21 de maio de 2011

A economia feudal


A economia feudal possuía base agrária, ou seja, a agricultura era a atividade responsável por gerar a riqueza social naquele momento. Ao mesmo tempo, outras atividades se desenvolviam, em menor escala, no sentido de complementar a primeira e suprir necessidades básicas e imediatas de parcela da sociedade. A pecuária, a mineração, a produção artesanal e mesmo o comércio eram atividades que existiam, de forma secundária.



Como a agricultura era a atividade mais importante, a terra era o meio de produção fundamental. Ter terra significava a possibilidade de possuir riquezas ( como na maioria das sociedades antigas e medievais), por isso preservou-se a caráter estamental da sociedade. Os proprietários rurais eram denominados Senhores Feudais, enquanto que os trabalhadores camponeses eram denominados servos.

O feudo era a unidade produtiva básica. Imaginar o feudo é algo complexo, pois ele podia apresentar muitas variações, desde vastas regiões onde encontramos vilas e cidades em seu interior, como grandes “fazendas” ou mesmo pequenas porções de terra. Para tentarmos perceber o desenvolvimento socioeconômico do período, o melhor é imaginarmos o feudo como uma grande propriedade rural. O território do feudo era dividido normalmente em três partes: O Domínio, terra comum e manso servil
 
O Domínio é a parte da terra reservada exclusivamente ao senhor feudal e trabalhada pelo servo. A produção deste território destina-se apenas ao senhor feudal. Normalmente o servo trabalha para o senhor feudal, nessa porção de terra ou mesmo no castelo, por um período de 3 dias, sendo essa obrigação denominada corvéia.
 
Terra comum e a parte da terra de uso comum. Matas e pastos que podem ser utilizadas tanto pelo senhor feudal como pelos servos. É o local de onde retiram-se lenha ou madeira para as construções, e onde pastam os animais.
 
Manso servil era a parte destinada aos servos. O manso é dividido em lotes (glebas) e cada servo tem direito a um lote. Em vários feudos o lote que cabe a um servo não é contínuo, ou seja, a terra de vários servos são subdivididas e umas intercaladas nas outras. De toda a produção do servo em seu lote, metade da produção destina-se ao senhor feudal, caracterizando uma obrigação denominada talha.

Esse sistema se caracteriza pela exploração do trabalho servil, responsável por toda a produção. O servo não é considerado um escravo, porém não é um trabalhados livre. O que determina a condição servil é seu vínculo com a terra, ou seja, o servo esta preso a terra. Ao receber um lote de terra para viver e trabalhar, e ao receber (teoricamente) proteção, o servo esta forçado a trabalhar sempre para o mesmo senhor feudal, não podendo abandonar a terra. Essa relação, definiu-se lentamente desde a crise do Império Romano com a formação do colonato.

Além da corvéia e da talha, obrigações mais importantes devidas pelo servo ao senhor, existiam outras obrigações que eram responsáveis por retirar dos servo praticamente tudo o que produzia.
 
Tradicionalmente a economia foi considerada natural, de subsistência e desmonetarizada. Natural por que baseava-se em trocas diretas, produtos por produto e diretamente entre os produtores, não havendo portanto um grupo de intermediários (comerciantes); de subsistência por que produzia em quantidade e variedade pequena, além de não contar com a mentalidade de lucro, que exigiria a produção de excedentes; desmonetarizada por não se utilizar de qualquer tipo de moeda, sendo que havia a troca de produto por produto.

Apesar de podermos enxergar essa situação básica, cabem algumas considerações: o comércio sempre existiu, apesar de irregular e de intensidade muito variável. Algumas mercadorias eram necessárias em todos os feudos mas encontradas apenas em algumas regiões, como o sal ou mesmo o ferro. Além desse comércio de produtos considerados fundamentais, havia o comércio com o oriente, de especiarias ou mesmo de tecidos, consumidos por uma parcela da nobreza (senhores feudais) e pelo alto clero. Apesar de bastante restrito, esse comércio já era realizado pelos venezianos.

Mesmo o servo participava de um pequeno comércio, ao levar produtos excedentes agrícolas para a feira da cidade, onde obtinha artesanato urbano, promovendo uma tímida integração entre campo e cidade. “ A pequena produtividade fazia com que qualquer acidente natural (chuvas em excesso ou em falta, pragas) ou humano ( guerras, trabalho inadequado ou insuficiente) provocasse períodos de escassez”. Nesse sentido havia uma tendência a auto suficiência, uma preocupação por parte dos senhores feudais em possuir uma estrutura que pudesse prove-lo nessas situações

terça-feira, 10 de maio de 2011

Algumas questões sobre Roma


pergunta:Sobre os primitivos habitantes da Itália, pode-se afirmar que os:
a) italiotas acomodaram-se no Sul da Itália, onde desenvolveram povoados.
b) gregos ocuparam a parte Central da Península, subdividindo-se em vários clãs.
c) etruscos, provavelmente originários da Ásia, ocuparam o Norte da Península.
d) lígures fixaram-se ao Sul combatendo ferrenhamente os etruscos.
e) sículos penetraram na Península através da cadeia dos Alpes e ocuparam o Norte.
resposta:[C]


pergunta:A colônia fenícia de Cartago, localizada onde hoje se encontra a cidade de Túnis, ao norte da África, havia se desenvolvido consideravelmente, a ponto de se constituir em poderosa rival dos interesses romanos no Mediterrâneo. Por mais de um século, os romanos lutaram para destruir Cartago, acabando por arrasá-la (146 a.C.). Esses acontecimentos são conhecidos como:
a) Guerras Médicas.
b) Revolução Cartaginesa.
c) Guerras Púnicas.
d) Guerra de Tróia.
e) Guerra da Reconquista.
resposta:[C]

pergunta:A religião romana era essencialmente politeísta, e o culto ao imperador era de grande significado pelo fator da unidade que representava. Durante um período determinado, teve início o questionamento dessa idéia. Esse grupo que não reconhecia a divindade do Imperador eram:
a) bárbaros invasores.
b) primeiros cristãos.
c) bons espíritos familiares.
d) escravos e estrangeiros.
e) judeus vindos da Palestina.
resposta:[B]

pergunta:"Em Roma, a civilização, a cultura, a literatura, a arte e a própria religião provieram quase inteiramente dos gregos ao longo de quase meio milênio de aculturação". - Paul Veyne, in HISTÓRIA DA VIDA PRIVADA. Com relação à cultura greco-romana assinale a alternativa incorreta:
a) Pode-se afirmar que de Gibraltar ao Indo, região dominada pelo Império Romano, reinava a civilização helenística.
b) O aparelho de estado romano não se espelhou na política grega devido às diferentes perspectivas que tinham os romanos sobre duas questões: a riqueza e o poder.
c) Apesar de copiarem a arte grega, os romanos foram originais no que diz respeito ao ato de retratar, tanto através de pintura quanto da escultura.
d) Assim como em Atenas, a posição da mulher romana era de grande poder político e prestígio social.
e) No início do período republicano, a vida familiar entrou em crise: adultério e divórcio, cultos orientais e gregos tomaram o lugar da religião formalista, patriótica e do culto aos antepassados.
resposta:[D]

pergunta:A cristianização do Império Romano é decorrente de que fato?
a) Tendência dos romanos às fantasias da imaginação mística.
b) Processo de expansão romana na direção do Oriente Próximo.
c) Deificação do Imperador Augusto.
d) Cultos secretos: os mistérios Elêusis e o Orfismo.
e) Práticas religiosas pagãs da família patriarcal romana.
resposta:[B]


pergunta:Teodósio estabeleceu que após a sua morte, ocorrida em 395, o Império, para ser melhor administrado, deveria ser
a) fracionado em quatro partes, com dois Imperadores e dois Césares.
b) dividido em duas partes: o Império do Ocidente e o Império do Oriente.
c) atrelado ao paganismo e direcionar uma operação para destruir as catacumbas.
d) aliado dos árabes para defendê-los contra os hunos que se avizinhavam de Roma e de Meca.
e) dividido em áreas denominadas Condados e, doadas em caráter hereditário, a seus sucessores.
resposta:[B]

domingo, 8 de maio de 2011

Resumão de história para a prova

Tratado de Versalhes
Acordo internacional que determina os termos de paz na Europa depois da I Guerra Mundial. É assinado em 28 de junho de 1919, na França.
Os termos do Tratado de Versalhes têm o objetivo de impedir novas investidas militares da Alemanha. No entanto, abre caminho para o surgimento dos regimes totalitários e para a deflagração da II Guerra Mundial.

O tratado de Versalhes estabelecia que a Alemanha era obrigada a:
  • restituir a Alsácia e a Lorena à França; - ceder as minas de carvão do Sarre à França por um prazo de 15 anos
  • ceder suas colônias, submarinos e navios mercantes à Inglaterra, França e Bélgica
  • pagar aos vencedores, a título de indenização, a fabulosa quantia de 33 bilhões de dólares
  • reduzir seu poderio bélico, ficando proibida de possuir força aérea, de fabricar armas e de ter um exército superior a 100 mil homens.
Tratado de Saint-Germain:

Assinado em 1919, Áustria estabelecia que a Hungria, a Polônia, a Checoslováquia e a Iugoslávia seriam independentes. As regiões do Trieste, Sul do Triol, Trentino e a Península da Ístria passariam à Itália. A Áustria passou a ser um pequeno Estado europeu, com cerca de um terço da população concentrada na capital, Viena.

Causas da Revolução Russa
-a Rússia ainda era atrasada e praticamente feudal
-fome e miséria do povo
-o Czar era um soberano absolutista, intolerante, insensível à miséria e opressor do povo
-a imprensa era censurada, bem como qualquer manifestação contraria ao czar
-as ideias marxistas foram sendo infiltradas e ganharam terreno entre o povo sofrido, através dos líderes (Trotsky, Lênin, etc) e dos sovietes (grupos de trabalhadores que se reuniam)
-a derrota russa na guerra contra o Japão e o famoso ensaio geral, onde as tropas do Czar mataram milhares de inocentes que foram para a frente do palácio pedir mais atenção ao seu sofrimento.
 

A Revolta de 1905: o ensaio para a revolução

A situação socioeconômica da Rússia era péssima e o regime político do czar Nicolau II foi abalado por uma série de revoltas, em 1905, envolvendo operários, camponeses, marinheiros e soldados do exército. Greves e protestos contra o regime absolutista do czar explodiram em diversas regiões da Rússia.

Diante do crescente clima de revolta, o czar Nicolau II prometeu realizar, pelo Manifesto de Outubro, grandes reformas no país: estabeleceria um governo constitucional, convocaria eleições gerais para o parlamento (a Duma), que elaboraria uma constituição para a Rússia.

As promessas não foram cumpridas e a partir daí diversos líderes revolucionários foram presos e os manifestantes perseguidos. Assumindo o comando da situação, Nicolau II deixou de lado as promessas liberais que tinha feito.

A Revolução Russa de 1905, mais conhecida como "Domingo Sangrento", tinha sido derrotada por Nicolau II, mas serviu de lição para que os líderes revolucionários avaliassem seus erros e suas fraquezas e aprendessem a superá-los. Foi, segundo Lenin, um ensaio geral para a Revolução Russa de 1917.

A Guerra Civil

Após a tomada do poder pelos revolucionários, a Rússia viveu ainda três anos de guerra civil. Nesse processo, a participação de Leon Trotski, um dos mais importantes líderes da revolução, foi fundamental.

Quando irrompeu a guerra civil, a organização das tropas de defesa, o Exército Vermelho, ficou sob a responsabilidade de Trotski. Mesmo em condições extremamente precárias, Trotski conseguiu formar um exército forte e eficiente.

Com o apoio popular, as tropas revolucionárias enfrentaram o Exército Branco, composto por antigos oficiais do czar e prisioneiros do exército austríaco. Além disso, enfrentaram tropas de países europeus, que temiam que a revolução socialista se espalhasse pelo continente.

O Comunismo de Guerra

O Comunismo de Guerra foi uma estratégia adotada pelos bolcheviques russos durante a guerra civil que ocorreu no país, logo após a Revolução Russa, em 1917. Nesse sistema todas as forças produtivas do país deveriam orientar-se no sentido de combater os inimigos do povo, ou seja, os Russos Brancos e tropas de ocupação estrangeiras.

O termo comunismo de guerra é de certa forma questionável, visto que não se tratava de um sistema comunista propriamente dito, mas sim uma reforma no sistema capitalista a fim de estabilizar o país e solidificar o governo bolchevique. O Comunismo de Guerra pode ser entendido como controle total do Estado Operário sobre a economia nacional para permitir que a República Soviética da Rússia sobrevivesse à invasão das potências estrangeiras e à Guerra Civil Russa.

Após a Revolução de Outubro e até o início da Guerra Civil, a gestão da produção era mista entre trabalhadores e os patrões que não emigraram ou exercidas por conselhos operários, em outros casos, a gestão era exercida por funcionários públicos designados pelo Estado, ligados aos órgãos de planejamento. Com o Comunismo de Guerra amplia-se a intervenção direta do planejamento e gestão público na produção.

Medidas Adotadas no Comunismo de Guerra
  • requisição de cereais;
  • censura à imprensa;
  • nacionalização de todos os bancos, fábricas e terras;
  • decreto do trabalho obrigatório;
  • requisição da produção agrícola;
  • comércio por troca direta;
  • direção do país tomada pelo partido comunista;
  • Reforma agrária;
  • Fim da propriedade privada;
  • Retirada da Rússia da Primeira Guerra Mundial;
  • Combate à fome;
  • Congelamento de preços e salários;
  • Centralismo democratico.
A NEP e a reconstrução nacional

Em 1921, foi criada a NEP (a Nova Política Econômica) que restabelecia as práticas capitalistas vigentes antes da Revolução. Os camponeses passariam a vender uma pequena parte da produção para o Estado a preço fixo, o restante podia ser lançado no mercado. Também permitiu-se o florescimento de empreendimentos capitalistas na pequena indústria e no comércio. O estímulo pelo ganho pessoal foi reintroduzido e o igualitarismo teve que ceder passo à hierarquia e aos privilégios materiais.

O país passou a ter uma constituição produtiva esquisita, medidas socialistas (estatização das empresas, minas, transportes e bancos), conviviam com medidas capitalistas (o médio produtor rural, o capitalismo urbano) e com a economia tradicional (economia de substência empregada pelos camponeses pobres). Permitindo no entanto a sobrevivência do regime dando-lhe folga necessária para a reordenação de forças.

A CRISE DE 1929

Fim dos anos 1920
- Plena euforia econômica
- A agricultura, tida como a mais mecanizada do mundo, inundava de alimentos os mercados interno e externo.
- As indústrias funcionavam a todo vapor, transformando as pessoas comuns, principalmente as de classe média em consumidoras compulsivas.

Superprodução
- Produziram mais do que a capacidade de consumir
- Concentração dos investimentos dentro do próprio país, diminuição de empréstimos
- Dificuldades dos países europeus em exportar mercadorias para os EUA devido às tarifas protecionistas
- Diminuição das importações norte americanas
- Atraso nos pagamentos das dívidas

Quebra da bolsa
- Quando a oferta é maior que a procura os preços tendem a cair
- Aumentou a venda de ações e diminuiu a compra
- Ações: títulos de propriedade, negociáveis e representativos de uma fração do capital de um empresa do tipo sociedade anônima

Análise: A crise na Síria tem importante significado para o Oriente Médio

Jonathan Marcus
Da BBC News

Há décadas a Síria tem sido um dos países mais estáveis do Oriente Médio.

Em fevereiro de 1982, um levante de muçulmanos sunitas na cidade de Hama foi violentamente reprimido pelo pai do atual presidente, Hafez al-Assad. Há variações nas estimativas, mas acredita-se que milhares teriam sido mortos.

A atual onda de protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad começou em março e se alastrou por várias cidades do país.

Desta vez, o número de mortos estaria na casa das centenas e muitos mais estariam feridos - é difícil ter confirmação dessas estimativas -, mas o regime continua mostrando a mesma tendência de reprimir oponentes com violência.

A Síria é um mosaico complexo de comunidades e talvez o presidente Assad acredite que possa usar essas divisões para se manter no poder.

Sua família e aliados têm o controle sobre as forças de segurança e o Exército, portanto, há poucas chances de uma repetição do modelo egípcio, onde os militares se voltaram contra o regime.

Os acontecimentos no país estão sendo observados com atenção e inquietude, tanto no Oriente Médio quanto no resto do mundo.

A situação da Síria é de grande relevância para a região. Em comparação com ela, a Líbia, por exemplo, se torna um país periférico.

Os sírios fazem parte de uma aliança que reúne o Irã, os militantes do Hezbollah no Líbano, o Hamas na Faixa de Gaza e outros grupos radicais palestinos opostos à paz com Israel.

Se a Síria mergulhar no caos, esta aliança pode se enfraquecer, mas o impacto mais grave poderá ser sentido no vizinho Líbano.

Uma verdadeira colcha de retalhos que agrega comunidades diversas, o Líbano, ao contrário da Síria, tem uma história marcado por instabilidade política.

Israel Observa

Uma Síria forte representa um elemento estabilizador no Líbano. O caos em um poderia levar ao caos no outro.
Israel também observa com preocupação os acontecimentos no país vizinho. A Síria tem sido um inimigo previsível. Até mesmo um governo sírio enfraquecido poderia trazer outros tipos de problema.

Há tempos, um grupo de militares e diplomatas israelenses vinha defendendo a ideia de que se fizesse um acordo de paz com a Síria, antes de qualquer acordo com os palestinos.

O grupo ressaltava a importância da estabilidade do regime em Damasco, argumentando que os líderes da Síria eram pessoas com quem era possível negociar. Também haveria maior probabilidade de que continuassem no poder para honrar acordos no futuro, argumentavam os militares e diplomatas.

Agora, em meio à incerteza que aflige tantos dos países árabes vizinhos de Israel, o lobby da "Síria primeiro" no país deve estar seriamente enfraquecido.

A impressão que se tem é de que a conjuntura geopolítica da região está sendo alterada sob o impacto da "Primavera Árabe".

Ainda é cedo, mas divisões na região, que um dia foram vantajosas para Israel - como, por exemplo, as divisões entre o Irã xiita e importantes Estados sunitas pró-ocidente, como o Egito - podem estar ficando menos pronunciadas.

Preocupação dos EUA

Washington também acompanha de perto as mudanças.O governo do presidente Obama vem, há tempos, considerando a possibilidade de tirar o líder sírio do isolamento. O objetivo de uma iniciativa como essa seria trazer Assad para o time dos ocidentais e incentivá-lo a se afastar do Irã.

A Europa parece ter saído na frente, com a França na dianteira. Mas um novo embaixador americano chegou a Damasco em janeiro, o primeiro a ser enviado ao país desde 2005.

Seu antecessor foi retirado do posto após o assassinato do primeiro-ministro libanês Rafik Hariri. Washington suspeitava de que a Síria estaria envolvida no assassinato.

Os Estados Unidos condenaram a violência do governo sírio contra seus próprios cidadãos, mas parecem ter procurado, sem sucesso, formas eficientes de influenciar o governo de Assad.

O mapa político do Oriente Médio está mudando. Novas forças foram liberadas. Mas também há pressões na direção oposta. Por exemplo, por parte da Arábia Saudita, que parece determinada a cortar pela raiz os brotos da "Primavera Árabe" que ousam desabrochar na sua vizinhança.

Não está claro em que direção caminha o Oriente Médio. O otimismo gerado pelos acontecimentos na Tunísia e Egito está diminuindo.

Há tantas chances de que surjam novos tipos de autoritarismo como de que floresçam democracias.

O caso da Líbia representa um teste. Mas para a região como um todo, a Síria pode ser um exemplo muito mais importante.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Morte de Bin Laden não representa mudança no cenário internacional, diz analista curitibano


A morte de Osama bin Laden, líder do grupo extremista islâmico Al-Qaeda, não representa a mudança no cenário internacional que os Estados Unidos querem fazer transparecer. Essa é opinião do coordenador do curso de relações internacionais do Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba), Juliano Cortinhas.
Para ele, o maior beneficiado com essa morte será o presidente dos EUA, Barack Obama. Ele deve ter crescimento considerável de sua popularidade e isso deve impactar o resultado da próxima eleição presidencial, na qual Obama será candidato a reeleição. “Obama enfrentava dificuldades internas e a captura e morte de Osama bin Laden devem ajudá-lo a reverter esse quadro”, analisou Cortinhas.
Segundo o professor, os ataques terroristas da Al-Qaeda não vão cessar ou diminuir por causa da morte de Bin Laden, responsável por organizar os atentados ao World Trade Center e ao Pentágono, em 11 de setembro de 2001. Ele já não era o “centro” da organização. Além disso, a Al-Qaeda é composta por várias células terroristas e cada uma delas teria autonomia para agir. Ou seja, a morte de um dos líderes não impacta a organização como um todo.
O professor do Unicuritiba também se mostrou preocupado com a reação dos cidadãos estadunidenses e afirmou que houve inversão de valores. “Causa preocupação quando milhares de pessoas saem às ruas para comemorar uma morte”, afirmou. A morte do líder da Al-Qaeda fez aumentar as demonstrações de patriotismo e nacionalismo nos Estados Unidos. Cortinhas destacou que as "comemorações" nos EUA causaram impacto negativo no Oriente Médio e pode haver retaliações.
Além da repercussão nos EUA, o mercado financeiro e a política de outras nações também parecem ter sido impactados pela notícia. “A morte de Bin Laden fez com que as bolsas de valores subissem e o preço de petróleo caísse. O que me parece estranho porque, em tese, nada irá mudar”.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Análise: Bin Laden pode ser mais perigoso morto do que vivo

A morte de Osama Bin Laden representa um momento-chave na história do movimento islâmico radical que ele liderava. Mas será que o inimigo número um dos Estados Unidos pode acabar se tornando ainda mais perigoso morto do que em vida?

Bin Laden previu que jamais seria capturado vivo e que inúmeros outros seguiriam com a sua causa após sua morte.

A primeira previsão foi confirmada. Resta saber se a segunda também será verdadeira.
Os americanos estão claramente satisfeitos com a notícia de que, finalmente, seu inimigo número um está morto.

Mas eles também devem estar se perguntando se, na morte, assim como em vida, ele continuará assombrando o país.

A afirmação, pelas autoridades americanas, de que Bin Laden foi enterrado no mar indica um desejo de minimizar seu papel de mártir.

Mas a medida também pode alimentar teorias conspiratórias sobre a morte do líder extremista, inclusive as que questionam se ele estaria mesmo morto.

Divisões
Uma preocupação imediata das autoridades americanas é a possível reação dos paquistaneses.

Osama Bin Laden era odiado por muitos, mas, para muitos outros, era um herói abnegado.
Haverá choque e revolta nas ruas do Paquistão. A reação das autoridades do país também será motivo de nervosismo.

É profundamente embaraçoso para o governo paquistanês que o líder da Al-Qaeda estivesse em seu território e tão próximo da capital, Islamabad, apesar de as autoridades do país terem refutado com insistência essa possibilidade.

Isso explica por que o presidente americano, Barack Obama, fez tanta questão de enfatizar que, durante a operação, as forças americanas tinham ordens expressas de evitar mortes de civis.

O que o presidente não esclareceu é se o Paquistão teria tido algum envolvimento na operação.

Islamismo Radical
Restam duas questões: Haverá um futuro para a Al-Qaeda? E qual será a reação da organização?

O governo Obama já está se preparando para possíveis represálias no curto prazo, seja contra as forças americanas no Afeganistão ou, ainda pior, em território americano.

Para muitos, a questão principal é se, no longo prazo, a Al-Qaeda poderá sobreviver.

Desde o início do ano, alguns especialistas vêm argumentando que os levantes no mundo árabe tornaram a organização fundada por Bin Laden obsoleta.

Para estes, a morte do líder extremista confirmaria essa tendência.

Talvez. Mas as causas do radicalismo islâmico - as questões que, ao longo dos anos, permitiram que a organização recrutasse tantos jovens muçulmanos para a sua causa - permanecem inalteradas.

A morte de Bin Laden vai abater o moral da jihad global, mas não deve trazer seu fim.

Roger Hardy é professor convidado do Centre for International Studies da London School of Economics, LSE.